Igreja Nossa Senhora Rainha da Paz

Nossa Senhora Rainha da Paz 🏅oração, história, milagres…

Nossa Senhora Rainha da Paz – Maria Santíssima é Rainha do céu e da terra não em sentido figurado ou simbólico, mas com toda propriedade e verdade, já que seu Filho é Senhor de todas as coisas, sucessor definitivo e eterno do rei Davi.

Dentro da Oitava da Assunção da Virgem Maria, a Igreja celebra a memória de Nossa Senhora, Rainha do Céu e da Terra, como contemplamos no quinto mistério glorioso do Rosário, e o Evangelho proposto para essa celebração nos apresenta o episódio da Anunciação. São Gabriel Arcanjo adentra o recinto em que Maria se encontra e, após saudá-la cheio de encanto, diz-lhe: “Eis que conceberás e darás à luz um filho […]. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi”.

Ora, sabemos já que, na tradição dinástica oriunda da casa de Davi — ou seja, a partir de Salomão (cf. 1Rs 2, 19) —, o rei de Israel governava ao lado, não da esposa, mas da mãe, a quem se concedia um trono, além do título de Gebirah, que quer dizer justamente “Rainha Mãe”.

Daí que a Virgem Santíssima seja chamada com toda razão e verdade Rainha do Céu e da Terra, pois seu Filho, sucessor definitivo de Davi, tem poder sobre todas as criaturas, do Céu, da Terra e dos abismos. Tampouco se deve pôr em dúvida que ele, que tinha bem gravadas no coração a Sagrada Escritura e a história do povo eleito, soubesse perfeitamente que, tornando-se Mãe do Filho de Davi, se tornaria também Rainha do novo Israel. É por isso que admira a profundíssima humildade com que ela responde às palavras do anjo, repletas de grandiosas promessas: “Eis aqui a serva do Senhor”; e mais tarde, na casa de Isabel: “Minha alma glorifica ao Senhor […], porque olhou para sua pobre serva […], realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo” (Lc 1, 46.48s).

Amada por Deus com especialíssima predileção, a Virgem mereceu, pela singular humildade com que transcorreram seus dias, ser proclamada bem-aventurada por todas as gerações e reconhecida como a “Mulher revestida do sol” vista por São João, com “a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1).

Que nós, soldados do exército de Cristo, lembremos sempre que estamos sob o amparo desta Rainha poderosíssima, sob cujos pés já foi esmagada a serpente infernal, o inimigo que devemos todos os dias combater pela récita do Santo Rosário.

História da Nossa Senhora Rainha da Paz

São antiquíssimas e sempre rezadas e cantadas pelo povo cristão as antífonas marianas que invocam Maria como Rainha do Céu e da Terra, dos Anjos e das criaturas.

Durante o Tempo Pascal, a mais conhecida antífona que celebra a ressurreição de Jesus começa com estas palavras: “Rainha do Céu, alegrai-vos, porque o Senhor ressuscitou como disse!”.

Uma das orações aprendidas em criança ao lado da Ave-Maria, é a Salve Rainha, Mãe de Misericórdia”, que a Liturgia das Horas canta na Oração da Noite e a piedade popular com ela encerra a oração do Rosário.

Uma terceira antífona, também cantada na Oração da Noite, começa com estes versos: “Ave, Rainha do Céu! Ave, dos Anjos Senhora!”. Quantas vezes invocamos Maria como Rainha na Ladainha: Rainha dos Patriarcas e dos Profetas, Rainha dos Confessores, das Virgens e dos Mártires, Rainha dos Anjos e dos Santos!

Também as liturgias bizantina, copta, armena e outras do Oriente celebram festivamente a realeza de Maria. Lemos, por exemplo, no longo hino “Akátistos”: “Vou elevar um hino à Rainha e Mãe, de quem, ao celebrar, me aproximarei com alegria, para cantar com exultação as suas glórias… Ó Senhora, a nossa língua não te pode louvar dignamente, porque tu, que deste à luz a Cristo nosso Rei, foste exaltada acima dos Serafins… Salve, Rainha do mundo, salve, Maria, Senhora de todos nós!”.

Desde os primeiros séculos, a poesia cristã e a liturgia cantaram a dignidade régia da Mãe de Deus. Como a luz do dia vem do sol, a realeza de Maria vem de sua Maternidade Divina. Já na Anunciação o Arcanjo falava do reinado sem fim do menino que lhe nasceria por obra e graça do Espírito Santo (Lc 1,33).

Para a piedade popular, há uma lógica: rei o filho, rainha a mãe. Por que não haveria de ser rainha aquela que o próprio Deus escolhera para ser a mãe do “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19,16) e que, por isso mesmo, a preservara Imaculada desde a conceição, a fizera “cheia de graça” (Lc 1,28) e a mantivera Virgem durante e depois do parto?

Com a proclamação do Dogma da Assunção corporal de Maria ao céu, o título de Rainha e Senhora do Universo, vem espontâneo aos teólogos, aos pregadores e aos papas. Para encerrar o Ano Santo de 1954, decretado pelo Papa Pio XII para celebrar o primeiro centenário do Dogma da Imaculada Conceição, o Santo Padre escreveu a encíclica “Ad caeli Reginam” sobre a realeza de Maria e instituiu para toda a Igreja a festa de Nossa Senhora Rainha.

Mais tarde, o Papa Paulo VI escreveria na excepcional Exortação Apostólica sobre o Culto à Virgem Maria: “A solenidade da Assunção tem um prolongamento festivo na celebração da Realeza da bem-aventurada Virgem Maria, que ocorre oito dias mais tarde, e na qual se contempla aquela que, sentada ao lado do Rei dos Séculos, resplandece como Rainha e intercede como Mãe” (n.6).

Na encíclica, o Papa Pio XII cita, logo no início, ao menos doze Santos Padres que se referem à soberania da Mãe de Deus sobre toda a criação, com diferentes expressões, mas todas querendo dizer a plenitude de glória e poder de Maria: Senhora, Senhora de todos os que habitam os Céus e a Terra, Senhora de todas as criaturas, Senhora coroada com um diadema de ouro, Rainha, Rainha do gênero Humano, Rainha eterna junto ao Filho do Rei, Rainha do mundo, Rainha do universo, mais eminente que todos os reis.

Em seguida, o Santo Padre passa os olhos nas expressões usadas por seus antecessores, começando pelo Papa Martinho I (+654), que chamou Maria de “gloriosa Senhora nossa, sempre Virgem”. Numa de suas bulas, o Papa Xisto IV chamou Maria de “Rainha sempre vigilante, a interceder junto do Rei, que ela gerou”.

Lembra ainda o Papa Bento XIV, que afirmou que o Sumo Rei confiou a Maria, em certo modo, seu próprio império. Depois, o Papa lembra alguns Santos, conhecidos por sua Teologia Mariana. Cito apenas Santo Afonso de Ligório (1787), que escreveu no clássico livro sobre as Glórias de Maria: “Porque a Virgem Maria foi elevada até ser a Mãe do Rei dos reis, com justa razão a distingue a Igreja com o título de Rainha”.

Escreveu Pio XII na mesma encíclica de 1954 que Maria é Rainha não só por ser a Mãe de Deus, mas também por ter sido associada, pela vontade de Deus, a Jesus Cristo na obra da Salvação. Isenta de qualquer culpa pessoal ou hereditária, e sempre estritissimamente unida ao Filho, ela o ofereceu no Calvário ao Eterno Pai, sacrificando seu amor de mãe em benefício de toda a humanidade manchada pelo pecado.

Por isso, assim como Jesus é Rei não só por ser o Filho de Deus, mas também por ser o nosso Redentor, assim pode-se afirmar que Maria é Rainha não só por ser a Mãe de Deus, mas também porque associou-se a Cristo na redenção do gênero humano.

“Maria participa da dignidade real – ensina Pio XII – porque desta união com Cristo Rei deriva para ela tão esplendente sublimidade, que supera a excelência de todas as coisas criadas. Desta mesma união com Cristo nasce aquele poder real, pelo qual ela pode dispor dos tesouros do Reino do Redentor divino”. O Reino de Maria é vasto como o de seu Filho, porque nada se exclui de seu domínio.

Lemos na Liturgia das Horas, um trecho de uma homilia de Santo Amadeu, do século XII. O texto escolhido termina assim: “Ao ser levada aos céus a Virgem das virgens por Deus e seu Filho, o Rei dos reis, no meio da exultação dos anjos, da alegria dos arcanjos e das aclamações de todo o céu, cumpriu-se a profecia do Salmista que diz ao Senhor: Está à tua direita a rainha recoberta de vestes de ouro” (Sl 45,10.15).

Na encíclica “Sobre a bem-aventurada Virgem Maria na vida da Igreja que está a caminho” (1987), o Papa João Paulo lembra que em Maria realizou-se plenamente a verdade que ‘servir ao Rei é reinar’. Maria, serva do Senhor, tem parte no Reinado do Filho.

“A glória de servir não cessa de ser a sua exaltação real: elevada ao céu, não suspende aquele serviço salvífico em que se exprime sua mediação materna” (n. 41). De sorte que ser Rainha do céu e da terra não é apenas a posição mais alta conquistada por uma criatura humana.

Mas é também para a humanidade a garantia de uma intercessora generosa, de uma medianeira das graças divinas, de uma advogada segura, de uma dispensadora dos tesouros divinos. A realeza de Maria é essencialmente materna, exclusivamente benéfica.

Volto ao Papa Pio XII e escolho dois trechos da oração que ele escreveu ao anunciar a festa litúrgica de Nossa Senhora Rainha:

“Queremos exaltar a vossa realeza com legítimo orgulho de filhos e reconhecê-la como devida à suma excelência de todo o vosso ser, ó suavíssima e verdadeira Mãe daquele que é Rei por direito próprio, por herança, por conquista. Reinai, ó Mãe e Senhora, mostrando-nos o caminho da santidade, dirigindo-nos e assistindo-nos para que dele nunca nos afastemos. Reinai sobre as inteligências, para que não procurem senão a verdade; sobre as vontades para que sigam somente o bem; sobre os corações para que amem unicamente o que vós mesmos amais”.

Sobre a instituição da festa

O Papa São Pio X, instituiu a festa do Imaculado Coração de Maria, como data fixa para o dia 22 de Agosto, cuja tal festa no calendário litúrgico era comemorada em data móvel (assim como no calendário atual), no sábado seguinte após a data da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus; anos mais tarde o Papa Venerável Pio XII, instituiu no dia 31 de Maio, a festa da Coroação de Nossa Senhora, aí se iniciou a tradição de coroar a imagem de Nossa Senhora, nesta mesma data, tradição que é praticada até hoje; anos mais tarde o Papa São Paulo VI, fez umas reformas no Calendário Litúrgico, deixou só a data móvel da festa do Imaculado Coração de Maria, mudou o dia da festa da Visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel do dia 02 de Julho para o dia 31 de Maio, e transferiu a festa de Nossa Senhora Rainha do dia 31 de Maio para o dia 22 de Agosto.

Oração a Nossa Senhora Rainha

(Venerável Papa Pio XII)
Das profundezas desta terra de lágrimas, onde a humanidade sofredora rasteja laboriosamente e em meio às ondas deste nosso mar perenemente agitado pelos ventos das paixões, elevamos os nossos olhos a vós, Santíssima Mãe, para nos reanimarmos, contemplando a vossa glória e para vos saudar como Rainha e Senhora do céu e da terra, como Nossa Senhora e Rainha.

Com legítimo orgulho de filhos, queremos exaltar a vossa realeza e reconhecê-la, pela suprema excelência de todo o vosso ser, como dulcíssima e verdadeira Mãe daquele que é Rei por direito, por herança e por conquista.

Reina e governa, Mãe e Senhora, conduzindo-nos pelo caminho da santidade, guiando-nos e auxiliando-nos, para que nunca nos afastemos dele. Tal como exerceis, no alto do céu, a vossa primazia sobre as milícias angelicais, que vos aclamam como Soberana, e também sobre as legiões dos santos, que se deleitam na contemplação de vossa refulgente beleza, assim também reinais sobre o gênero humano, particularmente abrindo os caminhos de fé para aqueles que ainda não conhecem o vosso divino Filho.

Reina sobre a Igreja, que professa e celebra o vosso terno domínio e vos invoca como refúgio seguro em meio às adversidades do nosso tempo. Mas reina especialmente sobre aquela parte da Igreja que está sendo perseguida e oprimida, dando-lhe a fortaleza para resistir aos reveses, perseverança para não sucumbir às pressões injustas, luz para não cair nas armadilhas do inimigo, firmeza para resistir aos ataques recorrentes e, em todos os momentos, fidelidade inabalável ao vosso reino.

Reina sobre as inteligências, para que busquem apenas a verdade; sobre as vontades, para que almejem apenas o bem; sobre os corações, para que amem somente o que vós amais. Reina sobre indivíduos e sobre as famílias, bem como sobre as sociedades e as nações; sobre as assembleias dos poderosos, sobre os conselhos dos sábios, sobre as mais simples aspirações dos humildes.

Reina nas ruas e nas praças, nas cidades e nas aldeias, nos vales e nas montanhas, no ar, na terra e no mar, e acolhe a oração piedosa de todos os que professam que o vosso reino é um reino de misericórdia, onde toda súplica é bem vinda para consolação de toda dor, alívio para todo sofrimento, saúde para toda enfermidade e onde, por um simples sinal de vossas ternas mãos, da própria morte ressurge alegre a vida.

Concedei a todos aqueles que agora vos aclamam em todas as partes do mundo e vos reconhecem como Rainha e Senhora, a glória de um dia no céu desfrutar da plenitude do vosso reino, na visão do vosso divino Filho que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina por todos os séculos do séculos. Amém!

Fonte:

A Santa Sé

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