No dia da festa dele, 17 de janeiro, os católicos orientais e ocidentais celebram a vida e legado de Santo Antão, o Grande, o fundador do monasticismo cristão cuja abordagem radical para discipulado impactou de forma permanente a Igreja.
Nas igrejas coptas católica e ortodoxa do Egito, que têm uma devoção especial para o santo nativo, o dia de festa dele é celebrado em 30 de janeiro.
Vida de Santo Antão, o Grande
Santo Antão nasceu em torno de 251, de pais ricos que possuíam terras na região atual de Faiyum próximo de Cairo. Durante esta época, a Igreja Católica estava rapidamente espalhando sua influência pelas vastas extensões do Império Romano, enquanto o Império permanecia oficialmente pagão, e não legalmente reconhecia a nova religião.
No curso da sua vida extraordinariamente longa e notável, Antão viveria para ver o estabelecimento do cristianismo pelo imperador Constantino como religião oficial do Império Romano.
Antão, porém, estabeleceria algo mais duradouro, por se tornar o pai espiritual das comunidades monásticas que existiram pela história subsequente da Igreja.
2 Grandes Fardos
Por volta do ano 270, 2 grandes fardos caíram sobre Antão simultaneamente: as mortes de seus pais, e sua herança dos bens deles e propriedade.
Estas ocorrências simultâneas levaram Santo Antão a reavaliar sua vida toda em luz dos princípios do Evangelho, que propunha as possibilidades redentoras de sua perda pessoal, e o perigo espiritual de seus ganhos financeiros.
Indo à igreja um dia, ele ouviu, como se pela primeira vez, a exortação de Jesus para outro jovem rico na narrativa bíblica, “Se você deseja ser perfeito, vá, venda seus bens, e dê o dinheiro aos pobres, e você terá tesouro no céu; então venha, siga-me”.
Antão disse aos seus discípulos anos depois que era como se Cristo tivesse dito estas palavras diretamente para ele.
Ele seguiu devidamente o conselho de vender tudo que tinha e doar o lucro, reservando uma parte para oferecer para sua irmã. Embora o monasticismo organizado ainda não existisse, não era desconhecido para cristãos a se abster do casamento, despojar-se das posses até certo ponto, e viver focado em oração e jejum. A irmã de Antão eventualmente se juntaria ao grupo de virgens consagradas.
Antão, em si, porém, buscou uma visão mais abrangente do ascetismo cristão. Ele descobriu isso entre os eremitas do deserto egípcio, pessoas que escolheram se retirar fisicamente e culturalmente da sociedade circundante para se devotar mais plenamente para Deus.
Mas a maneira radical de vida destas pessoas não tinha ainda se tornado um movimento organizado. Após estudar com um destes eremitas, Antão fez sua própria tentativa de viver sozinho em um local isolado no deserto, dependendo da caridade de alguns patronos que ofereceriam a ele suficiente alimento para sobreviver. Este primeiro período como eremita durou entre 13 e 15 anos.
Combate Espiritual
Como muitos santos antes e após Antão, ele se tornou engajado em um tipo de combate espiritual, contra forças invisíveis buscando remove-lo do caminho da perfeição que ele tinha escolhido.
Estes conflitos afetaram Antão em muitos aspectos. Quando ele tinha em torno de 33 anos, um grupo de seus patronos o encontrou em condição grave, e o levaram de volta para uma igreja local a se recuperar.
Este revés não dissuadiu Antão de seu objetivo de buscar Deus intensamente, e logo redobrou seus esforços mudando-se para uma montanha na margem leste do rio Nilo. Ali, ele viveu em um forte abandonado, uma vez mais subsistindo da caridade dos que imploraram suas orações por eles.
Ele atraiu não apenas estes benfeitores, mas um grupo de inquiridores que buscavam seguir seu exemplo. Nos primeiros anos do século 4, quando ele tinha em torno de 54, Antão emergiu de sua solidão para oferecer orientação para comunidade crescente de eremitas que tinha se tornado estabelecida na vizinhança dele.
Embora Santo Antão não tivesse procurado formar tal comunidade, sua decisão para se tornar pai espiritual dela, ou “abade”, marcou o começo do monasticismo como é conhecido hoje. Antão viveria esse chamado monástico por outras 4 décadas, oferecendo conselho prático e espiritual para discípulos que garantiriam a continuidade da existência do movimento.
Segundo o biógrafo de Antão, Santo Atanásio, o imperador Constantino eventualmente escreveu para o abade, buscando orientação sobre administração de um império que agora era oficialmente cristão.
“Não se espantem se um imperador escreve para nós, pois ele é um homem”, Antão disse para outros monges. “Mas ao invés: maravilha que Deus escreveu a Lei para os homens, e falou para nós através do Filho Dele”.
Antão escreveu de volta para Constantino, o aconselhando a “não pensar muito sobre o presente, mas ao invés, lembrar-se do julgamento que virá, e saber que Cristo apenas era o verdadeiro e Eterno Rei”.
Santo Antão podia ter até 105 anos quando morreu, algo entre 350 e 356. Seguindo as instruções dele, 2 de seus discípulos enterraram seu corpo secretamente em uma sepultura sem identificação.
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Frases de Santo Antão
- Se nós fazemos cada esforço para evitar a morte do corpo, ainda mais deve ser o nosso esforço para evitar a morte da alma. Não há obstáculo para um homem que deseja ser salvo, a não ser a negligência e preguiça da alma.
- Quem não experimentou a tentação não pode entrar no Reino do Céu. Sem tentações ninguém pode ser salvo.
- Aquele que conhece a si, conhece Deus: e aquele que conhece Deus é digno de adorá-Lo como é justo. Assim, meus amados no Senhor, conheçam a si.
Relação de Santo Antão com o Pecado da Vaidade
Ele morreu em 356 em Monte Kolzin no Mar Vermelho, aos 105 anos. Um ano mais tarde, seu amigo, o bispo destemido e confessor Santo Atanásio, escreveu sua biografia, que por séculos se tornou o manual clássico dos ascetas.
Ele descreve como Santo Antão via o propósito de ascetismo como não destruir o corpo, mas para submetê-lo à sujeição, restabelecendo a integridade harmoniosa original do homem, sua natureza verdadeira dada por Deus, “A alma dele era perfeitamente purificada: nenhuma dor poderia o incomodar, nenhum prazer o prenderia. Nele não havia riso nem tristeza. A visão da multidão não o perturbou, as calorosas saudações de tantos homens não o comoveram. Em uma palavra, ele era completamente imune para as vaidades do mundo, como um homem inabalavelmente governado pela razão, estabelecido na paz e harmonia interior.”.
Oração de Santo Antão
Ó Deus, como Tu pelo Teu Espírito Santo permitiu que Teu servo Antão para resistir às tentações do mundo, da carne, e do diabo; assim conceda-nos a graça de seguir a Ti com corações e mentes puros, por meio de Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina junto a Ti e Espírito Santo, um só Deus, para sempre. Amém.
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Carioca, nascido e criado no Rio de Janeiro, e Católico Apostólico Romano desde de sempre. Sou devoto de São Bento e ativo em movimentos da Igreja Católica desde a adolescência, fundei o site Jovens Católicos em 2016 com objetivo de mostrar tudo o que envolve as maravilhas da fé católica.
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