Por que tantos jovens têm dificuldade de discernimento espiritual a vontade de Deus? Discernir a vontade de Deus é um dos maiores desejos do jovem católico. Quem nunca rezou dizendo: “Senhor, o que queres de mim?”? Porém, ao mesmo tempo, muitos sentem confusão, silêncio, incerteza, ansiedade e até medo de errar.
A verdade é que o discernimento espiritual não depende apenas de perguntar a Deus, mas de criar condições interiores para que Sua voz seja reconhecida. Como ensina o Catecismo:
“O homem deve estar atento para discernir os movimentos interiores que o levam a Deus ou dele o afastam.”
(CIC 1777–1780)
Mas existem barreiras que atrapalham esse processo. Algumas nascem do pecado; outras, das distrações modernas; outras, dos afetos desordenados que ocupam o coração e impedem a ação da graça.
Neste artigo, veremos como identificar e remover esses obstáculos.
1. O pecado habitual: a névoa que impede a alma de enxergar e ter discernimento espiritual
A primeira e mais profunda barreira ao discernimento é o pecado não combatido. Ele não apenas fere a alma, mas também cria uma espécie de embotamento espiritual.
A Bíblia é clara:
“As vossas iniquidades levantaram uma barreira entre vós e o vosso Deus.”
(Is 59,2)
O pecado obscurece a visão interior e torna difícil perceber:
- o bem real,
- a vontade de Deus,
- a ação do Espírito Santo,
- a verdadeira intenção do coração.
Além disso, segundo o Catecismo:
“O pecado obscurece a consciência moral.”
(CIC 1865)
Por isso, jovens que vivem em luta contra pecados graves, especialmente os repetitivos, relatam grande dificuldade em escutar a Deus.
A boa notícia é simples: a Confissão devolve clareza espiritual, porque restaura a graça e ilumina a mente.
2. A pressa e a ansiedade: inimigos modernos da escuta espiritual
Vivemos na era da rapidez, notificações contínuas, algoritmos que estimulam impulsividade e rotinas esmagadoras.
A ansiedade, tão comum entre jovens, produz um coração inquieto — e um coração inquieto tem dificuldade de perceber a suavidade da voz de Deus.
Jesus já alertava:
“Não vos inquieteis, pois a inquietação não acrescenta um só dia às vossas vidas.”
(cf. Mt 6,27)
A ansiedade não apenas desgasta emocionalmente, mas trava o discernimento, porque:
- impede a reflexão calma,
- cria pensamentos acelerados,
- dramatiza medos,
- distorce percepções,
- transforma qualquer dúvida em ameaça.
O Espírito Santo age na paz (Jo 14,27). Onde há constante inquietação, torna-se difícil perceber Sua ação.
3. O excesso de distrações e estímulos digitais atrapalha o discernimento espiritual
Nada atrapalha tanto o discernimento espiritual dos jovens hoje quanto a superexposição a telas e redes sociais.
Vivemos num estado de:
- dispersão,
- excesso de informação,
- estímulo constante,
- incapacidade de silenciar.
O Catecismo afirma:
“A vida moral exige vigilância do coração.”
(CIC 2849)
Mas a vigilância é impossível quando o coração está imerso em:
- notificações,
- vídeos curtos,
- comparações,
- memes,
- excesso de conteúdos rasos,
- hiperconexão.
Deus fala no silêncio — e o inimigo age no barulho.
A maior estratégia do diabo hoje não é o escândalo: é a distração.
Pense seriamente em um fazer um detox digital.
4. Afetos desordenados: quando o coração está apegado demais
Um dos maiores ensinamentos da espiritualidade católica é que o discernimento só se torna claro quando o coração está livre.
Santo Inácio, mestre do discernimento, ensina que a pessoa presa a desejos, medos, paixões e apegos não consegue enxergar a vontade de Deus.
Os afetos desordenados podem ser:
- apego emocional a uma pessoa,
- idealização romântica,
- necessidade de aprovação,
- obsessão por sucesso,
- amor próprio excessivo,
- medo de perder algo,
- vício em sensações emocionais.
Quando o coração deseja demais alguma coisa, começa a interpretar tudo de forma tendenciosa — e deixa de enxergar objetivamente.
Jesus disse:
“Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”
(Lc 12,34)
Se o “tesouro” não é Deus, o discernimento se perde.
5. A falta de vida sacramental
Sem Eucaristia e Confissão frequentes, o discernimento se torna frágil.
A graça sacramental não é um “acessório”: é a força que purifica, ilumina e ordena o coração.
O Catecismo explica:
“Os sacramentos conferem a graça necessária para a vida moral.”
(CIC 1129)
E discernimento é, em última análise, uma prática moral: escolher o bem verdadeiro.
Sem sacramentos, a alma começa a perder sensibilidade espiritual.
6. Vontade de controlar tudo
Muitos jovens dizem que querem saber a vontade de Deus, mas na verdade querem que Deus confirme suas próprias vontades.
Essa falta de docilidade é um obstáculo grave.
O discernimento exige humildade, e a Bíblia ensina:
“O Senhor guia os humildes.”
(Sl 25,9)
Quem tenta controlar cada detalhe da vida, quem quer garantias, quem exige sinais, raramente consegue discernir.
Deus fala com quem está disposto a obedecer — não a negociar.
7. Medo da resposta de Deus ao ter discernimento espiritual
Outro grande obstáculo é o medo.
Medo de mudar.
Medo de perder algo.
Medo de que Deus peça algo exigente.
Esse medo paralisa e gera confusão interior.
São João ensina:
“O medo não vem do amor, pois o amor lança fora o medo.”
(1Jo 4,18)
Quando há medo, o coração não consegue se abrir para a vontade divina.
8. Falta de direção espiritual ou acompanhamento
Discernimento isolado é difícil, porque somos influenciados por emoções, traumas, feridas e imaginação.
A Igreja sempre ensinou que o acompanhamento espiritual ajuda:
- a ordenar pensamentos,
- a interpretar movimentos interiores,
- a evitar enganos espirituais,
- a identificar tentações sutis,
- a cultivar virtudes.
O Catecismo afirma a importância de formar a consciência com ajuda do Magistério e da Igreja (CIC 1783–1785).
9. Orgulho e autossuficiência
A soberba é o maior impedimento espiritual de todos.
Quem acredita que sabe tudo, quem confia demais em si mesmo, quem rejeita conselhos ou correções, não consegue discernir.
O orgulho fecha a alma.
A humildade abre.
O Salmo confirma:
“O Senhor confia seus caminhos aos humildes.”
(Sl 25,9)
Discernir é mais sobre abrir espaço do que sobre “adivinhar”.
10. Falta de oração verdadeira
A oração superficial — rápida, distraída, sem entrega — não é suficiente para formar discernimento sólido.
Deus fala no silêncio, na profundidade, no recolhimento, na constância.
Sem oração:
- a alma fica turva,
- os pensamentos ficam confusos,
- as emoções dominam.
Como ensinou Santa Teresa d’Ávila:
“Quem não reza, não precisa que o demônio o arraste: ele mesmo corre para o precipício.”
Discernimento nasce de relacionamento, não de técnicas.
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Conclusão: remover obstáculos para ter discernimento espiritual é mais importante do que pedir sinais
A maioria dos jovens acredita que discernimento é receber um sinal claro.
Mas, na verdade, discernimento nasce de um coração ordenado, livre, silencioso, puro, humilde e aberto à vontade de Deus.
Quanto mais a alma se purifica, mais clareza ela tem.
Quanto mais ela se entrega, mais Deus se revela.
Deus não esconde Sua vontade:
somos nós que, muitas vezes, não conseguimos ouvi-Lo.
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Foto: Freepik
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