Cícero Romão Batista, nascido em Crato em 1844, foi sacerdócio católico do Brasil, e faleceu em Juazeiro do Norte, em 1934. Em devoção do povo é popular como Padim Ciço, ou Padre Cícero.
Conquistou enorme prestígio e influência sobre vida política, religiosa e social do Ceará, uma pessoa carismática, assim como do Nordeste.
No ano de 2001 foi nomeado “O Cearense do Século” na votação que a TV Verdes Mares promoveu, na parceria junto à Rede Globo de Televisão.
Já em 2012, padre Cícero foi nomeado um dos 100 Maiores Brasileiros de Todos os Tempos, em relação ao concurso feito por SBT junto a BBC, mais uma marca importante para o padre Cícero.
História do Padre Cícero – Importância Religiosa, Social e Política
Padre Cícero tem uma trajetória polêmica. Em 1844 nasceu em Crato, Ceará, e é ordenado padre no ano de 1870, mesmo com as considerações do reitor de seminário, que o achava aluno de idéias confusas e teimoso.
Em 1872, sem receber qualquer paróquia, Cícero aceita o convite feito pelos moradores para missa de Natal, que ele rezasse, localizada em povoado pequeno de Juazeiro.
De acordo com ele, foi um sonho que fez permanecer a residir neste lugar para sempre. Teria pedido Jesus ao Cícero que cuidasse dos pobres da região, segundo então esse referido sonho.
Já em março de 1889, Cícero oferece comunhão para beata Maria de Araújo, na sexta-feira de Quaresma, e a hóstia tem transformação no sangue.
Esse fenômeno teria acontecido durante semanas seqüentes, até a data de 15 de agosto, Ascensão de Nossa Senhora.
Panos pequenos manchados com sangue são adorados como relíquia sagrada. O milagre se transforma em notícia pelo país inteiro na imprensa.
Dom Joaquim José Vieira, bispo do Ceará, em 1891 censura monsenhor Monteiro e Cícero devido à proclamação de milagres não investigados ainda por Santa Sé.
É criada comissão do inquérito eclesiástico, composta por padres Clycério da Costa Lobo e Francisco Antero. Sendo a ordem assim, desmascarar embuste possível.
No ano de 1892, viaja o padre Antero para Vaticano a defender Cícero. É examinado o caso pelo Santo Ofício. O bispo cearense, em agosto, proíbe que reze missas o padre Cícero, pregue aos fiéis, ministre sacramentos e confesse.
Santo Ofício condena os fatos, em 1894, como prodígios supersticiosos e vãos. Padres adeptos do milagre retratam-se, mas Cícero não.
– Defesa de Cícero
Cícero segue para o Vaticano, em 1898, com intuito de se defender. Lá é interrogado e então recebido por Leão XIII, papa. Cícero é absolvido por Santo Ofício em relação às censuras, desde que reserve silêncio acerca da situação.
O padre segue suspenso de ordens sacerdotais, e jura submissão. Panos sujos de sangue são levados, roubados, da matriz de Crato, e somem durante muitos anos.
Atraído pelas notícias que há mina valiosa de cobre na área, em 1908, chega Floro Bartolomeu em Juazeiro, baiano misterioso. Ele é garimpeiro, rábula e médico, passa a ser braço político principal do padre.
Em 1909, inicia a circulação de O Rebate, que foi fundado a defender tese de emancipação do povoado quanto a Crato, é o primeiro jornal de Juazeiro. E um dos editores é Floro Bartolomeu.
De forma misteriosa, José Marrocos, um professor, morre em 1910. É ex-seminarista que tem influência enorme sobre Cícero. A acusação cai sobre Floro de ter envenenado José, porém, nunca isso é provado.
Juazeiro se emancipa em 1911. E Cícero é nomeado primeiro prefeito para este município novo, ele é filiado ao Partido Republicano Conservador.
E vai permanecer durante quase 2 décadas em cargo, com reeleição seguida. Em dia de posse, sela pacto pacífico junto aos coronéis principais do local, em que todos fazem promessa a interromper animosidades mútuas.
Em 1913, Floro viaja para Rio de Janeiro a tramar queda do Franco Rabelo, então presidente do Ceará, isso com aval do Cícero, e em acordo com governo federal.
Quando Floro volta, depõe para autoridades municipais, e faz instalação de Assembléia Estadual paralela a enquadrar duplicidade dos poderes, provocando intervenção federal.
Governo estadual reage em 1914, envia tropas para que Juazeiro seja atacado.
O padre pede para moradores que cavem enorme fosso ao redor da cidade, seguindo conselho do sobrevivente de Canudos, trata-se do Círculo da Mãe de Deus.
Assim, há fracasso do ataque. Juazeiro inicia ofensiva. O exército de cangaceiros e jagunços, comandado por Floro, toma Crato e muitas mais cidades do Ceará, ao redor de Fortaleza.
É decretada pelo governo federal intervenção no Ceará. E Cícero foi nomeado como vice-presidente do estado.
– Padre Excomungado
No ano de 1916, Santa Sé declara que Cícero está excomungado, aos 72 anos de idade, devido a ainda alimentar “fanatismo”. Porém, ele nunca iria saber disso.
Pela saúde do padre, Quintino Rodrigues, bispo de Crato, evita aplicação da excomunhão e demanda do mesmo, retratação pública. Santo Ofício revê essa pena, porém são mantidas suspensas ordens sacerdotais.
Para o ano de 1926, Coluna Prestes entra no estado do Ceará. O padre Cícero quem foi escreve carta aberta direcionada a Prestes, a conclamá-lo para rendição.
Já Floro levanta a idéia de convocar Lampião a formar Batalhão Patriótico, elaborado a combater a Coluna. É momento que é recebida patente de capitão para o cangaceiro e então assina como Capitão Virgulino.
Em mesmo ano, há eleição de Cícero como deputado federal, porém ele não assume este cargo, devido à avançada idade.
Acontece em 1930 a vitória da revolução, levando Getúlio Vargas para presidência. É escrita carta aberta por Cícero ao povo, em que classifica os revolucionários como “mensageiros de Satanás”.
Cícero Romão Batista morre em 1934. Em testamento, deixa a maioria dos bens à Igreja. Depois da morte, os pequenos panos manchados de sangue retornam com uma beata.
Pelas ordens de novo bispo de Crato, segundo o que foi determinado pelo Santo Ofício, são queimados, destruídos.
Cardeal Joseph Ratzinger, em 2001, prefeito de Congregação para a Doutrina da fé, faz reabertura do processo que ocasionou suspensão do padre Cícero quem foi.
Em 2005, Ratzinger é eleito papa. Em ano seqüente, ele recebe documentação da comissão interdisciplinar de estudos, que faz sugestão de anistia do padre, post-mortem.
No ano de 2015, Cícero é perdoado em relação às punições impostas, e é reconciliado com Igreja Católica. E o processo de beatificação passa a ter possibilidade.
Milagres do Padre Cícero
A história pessoal toda do padre Cícero é ceia de mistérios, contradições e ambiguidades.
Odiado e amado em mesma medida pelos seus contemporâneos, após sua morte, e ainda mais talvez partindo daí, permanece a gerar mesmos sentimentos de repulsa e adoração.
Cícero era um padre simples de aldeia, em 1889, a rezar missa em pequena capela de Juazeiro, ocasião que fenômeno misterioso atraiu atenção de sertanejos, imprensa e Igreja.
Ministrando comunhão para uma beata, Maria de Araújo, humilde doceira e costureira, teria a hóstia sagrada se transformado no sangue.
Cícero escreveu, “Não posso duvidar, porque vi muitas vezes”, para Dom Joaquim José Vieira, o bispo do estado do Ceará.
Foram abertas manchetes pelos jornais a noticiar este fenômeno, e caíram de joelhos os sertanejos, diante do milagre proclamado. No entanto, a Igreja acusou a beata e Cícero de fraude.
Embuste ou fato, a situação é que Cícero e seus adeptos evocaram vários fenômenos parecidos, na sua defesa, chancelados devidamente pelo Vaticano, com classificação genérica como “milagres eucarísticos”.
Importância no Meio Católico e para os Nordestinos
Cícero é o maior benfeitor e figura de maior importância para Juazeiro, assim, é inegável tal importância aos nordestinos. A fez se desenvolver, transformando a cidade em mais importante no interior do estado.
Foram os bens recebidos em vida por ele doados à Igreja, em especial aos salesianos que Cícero levou a Juazeiro.
Após o falecimento do padre Cícero história em 1934, quando tinha 90 anos de idade, Juazeiro prosperou, apenas crescendo a devoção para ele.
Anualmente, até os dias de hoje, enorme multidão de romeiros, em Dia de Finados, que vem de distantes locais nordestinos, segue para Juazeiro a visitar seu túmulo, localizado em Capela do Socorro.
Cícero é um dos mais biografados do planeta. Sobre o padre, há mais de 200 livros. A vida dele vem sendo estudada pelos cientistas sociais do mundo e do Brasil.
Ele não foi canonizado pela Igreja, no entanto, é considerado santo católico pela sua enorme legião de fiéis no Brasil inteiro.
Binômio, trabalho e oração era o lema de Cícero. Juazeiro representa seu incontestável e grande milagre. Padre Cícero história, em 2001, foi nomeado O Cearense do Século.
Padre Cícero Já Foi Canonizado como Santo?
Muitos têm dúvidas acerca de canonização e o padre Cícero. Sobre o perdão ao padre Cícero, no ano de 2015, ele é perdoado em relação às punições impostas, e é reconciliado com Igreja Católica.
Assim, o processo da beatificação passava a ser algo possível, estando nas mãos do Papa Francisco. Finalmente o perdão se tornava 100% oficial, em 2015. Foi declarada sua reabilitação pelo bispo Dom Fernando Pânico.
Trata-se do passo inicial a uma beatificação posterior, portanto, reconhecimento canônico que Cícero Romão Batista teria vivido em plenitude em relação às virtudes cristãs.
Um “bem-aventurado”, resultava em autorização conseqüente ao culto público para o nome dele.
Por causa das milhares de graças que afirmam os romeiros atingir pela intercessão de Cícero, aleijados que andaram novamente, cegos voltaram a ver, loucos recuperados de juízo, o caso pode então ainda evoluir.
Isso de beatificação simples à canonização efetiva, ocasião em que seria elevado para honra de altares da Igreja toda.
Este processo burocrático, como aconteceu em relação ao Frei Galvão, o primeiro santo que nasceu no Brasil, e levou assim tantos anos.
Foto: ARANHACELLDIGITAIS, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons
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