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Deus permite o sofrimento? 2 questões se destacam nas mentes dos cristãos e não cristãos, “por que existe o sofrimento?”, e “por que Deus permite o sofrimento?”. Há uma pessoa que se destaca sobre todos para oferecer uma resposta a estas questões mais profundas, São Paulo.

Nos escritos de São Paulo é encontrado um significado muito desenvolvido do sofrimento. Papa São João Paulo II explica o motivo de São Paulo escrever tanto sobre sofrimento: “O Apóstolo compartilha sua própria descoberta e se alegra com ela por causa de todos aqueles a quem ela pode ajudar, apenas como o ajudou, para entender o significado salvífico do sofrimento”.

É importante considerar o foco interior de Paulo, a maneira em que ele se vê, através do sofrimento dele,Deus permite o sofrimento, como participando na salvação, especialmente a Paixão, morte e ressurreição de Cristo. Assim considera-se aqui o foco externo dele, ou seja, a visão dele sobre como seu sofrimento afeta outros.

Deus Permite o Sofrimento? Sofrimento para Paulo

Paulo entende que o sofrimento que ele suporta serve como maneira para ser como Cristo, assim como sendo por amor a Cristo. Paulo diz:

“E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressureição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte; Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.” – Filipenses 3:8-11.

Esta passagem segue um texto onde Paulo fala sobre tudo que ele tinha ganhado, segundo a carne, sendo hebreu e fariseu. No entanto, ele agora considera este ganho a ser perda e refugo, em comparação com ganhar Cristo através dos sofrimentos dele. Ele ganha justiça não por meio de seu poder, mas através do de Cristo.

Sofrimento é uma participação no mistério de Cristo e é a maneira que Paulo pode se tornar como Cristo. Sofrimento é a maneira dele de “se tornar como Ele (Cristo) na morte Dele”, assim “pode alcançar a ressurreição dos mortos”, Filipenses 3:10-11.

Através do sofrimento dele, Paulo se vê como participando na Paixão de Cristo. Porque os fiéis estão sendo salvos pela morte e ressurreição de Cristo, devem participar na Paixão Dele para obter salvação.

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Imitar Cristo

Vê-se em outro lugar em Filipenses esta noção de imitar Cristo sendo lucro para Paulo, se na morte ou vida. Ele fala:
“Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo, segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” – Filipenses 1:19-21.

Para Paulo viver é ganhar porque enquanto ele sofre nesta vida, está imitando Cristo e se tornando mais como Cristo. Além disso, viver é ganhar porque enquanto Paulo vive, ele pode espalhar a fé e ser um exemplo para a comunidade cristã.

Ele diz, “Contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo.”, Filipenses 1:24. E, morrer é ganhar porque se ele morresse, participaria da ressurreição de Cristo. Assim, se ele vive e sofre, conduzindo para ressurreição a si e outros, ou morre e compartilha na ressurreição sozinho, ele vai estar unido com Cristo e ser um exemplo para todos.

Outra dimensão do pensamento de Paulo sobre significado do sofrimento é sua concepção de sofrimento como meio para santificação, mantendo orgulho no mínimo e confiança em Deus no máximo. Ele fala:
“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” – 2 Coríntios 12:7-10.

Confiança em Cristo

É na fraqueza que as pessoas são mais aptas para confiar em Cristo, porque percebem que, o que fazem, não é de si, mas a graça de Cristo está trabalhando nelas. Além disso, é na fraqueza das pessoas e sofrimento que crescem em humildade e não podem se orgulhar no que fazem.

E sofrem “para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos”, 2 Coríntios 1:9. Vê-se nestes versículos de 2 Coríntios 12 que este sofrimento é mais uma vez “por causa de Cristo”. É através da graça que Paulo pode ficar contente com sofrimento. Cada um recebe aqui uma ideia na eficiência da graça. A graça ajuda a participar no ato salvífico de sofrimento e ficar contente com isso.

É o motivo de Paulo poder dizer em sua carta para Gálatas que “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”, Gálatas 2:20.

Cristo deu a vida por cada fiel no ato salvífico da Paixão Dele e morte; Paulo se vê fazendo o mesmo ao participar da Paixão e morte de Cristo. Cristo vive nele quando está “crucificado com Cristo”. João Paulo II nota que “Cristo também se torna de forma particular unido ao homem, Paulo, através da cruz”.

Paulo revela aos católicos o paradoxo da cruz. Ser crucificado geralmente significa morte, mas para Paulo, significa Cristo vivendo nele. No sofrimento, quando unido com Cristo, a morte agora significa vida.

É o motivo de ele dizer em 1 Coríntios 1:18, “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus”.

Há um vínculo íntimo entre a cruz, a epítome dos sofrimentos de Cristo, e o sofrimento do povo que é uma participação na mesma cruz. Assim, participando na cruz através do sofrimento é uma forma de obter graça, o poder de Deus para participar na salvação.

É também o motivo de Paulo poder dizer em outro lugar em Gálatas, “Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo… Sem mais, que ninguém me perturbe, pois trago em meu corpo as marcas de Jesus”, Gálatas 6:14,17.

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Sobre Rodrigo de Sá

Carioca, nascido e criado no Rio de Janeiro. Católico Apostólico Romano desde sempre. Sou devoto de São Bento e ativo em movimentos da Igreja Católica desde a adolescência, fundei o site Jovens Católicos em 2016 com objetivo de mostrar tudo o que envolve as maravilhas da fé católica. Entre em Nossa Comunidade no Whatsapp Clicando Aqui!

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