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A humildade é uma das virtudes mais difíceis de viver e, ao mesmo tempo, uma das mais preciosas aos olhos de Deus. Em um mundo que exalta a autopromoção, o poder e a visibilidade, o cristão é chamado a seguir o caminho oposto: o da simplicidade, do serviço e do amor discreto. A Ladainha da Humildade é uma das mais belas orações da Igreja Católica, nascida do coração de um homem profundamente unido a Cristo: o Cardeal Rafael Merry del Val, secretário de Estado do Papa São Pio X.
Essa oração se tornou um verdadeiro tesouro espiritual para quem deseja combater o orgulho e crescer na virtude que mais aproxima o ser humano de Jesus: a humildade.
A origem da Ladainha da Humildade
O autor da Ladainha da Humildade, o Cardeal Rafael Merry del Val (1865–1930), era um homem de grande fé, sabedoria e humildade. Nascido em Londres, de família nobre espanhola, foi ordenado sacerdote em 1888 e, pouco depois, chamado a servir como colaborador próximo do Papa São Pio X.
Apesar de ocupar um dos cargos mais altos da Igreja — Secretário de Estado do Vaticano —, Rafael Merry del Val vivia com espírito de servo. Conta-se que, mesmo após longos dias de trabalho, ele dedicava tempo à confissão dos fiéis, à caridade e à adoração eucarística.
A Ladainha da Humildade nasceu dessa experiência profunda de comunhão com Cristo. Rezada frequentemente pelo próprio Cardeal, ela expressa um pedido sincero de libertação do orgulho, do egoísmo e da necessidade de reconhecimento humano. É uma oração que purifica o coração e ensina o cristão a colocar sua confiança apenas em Deus.
A humildade segundo o Catecismo da Igreja Católica
O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo §2559, define a humildade como “o fundamento da oração”. Ele ensina:
“A humildade é a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus.”
Essa frase revela que sem humildade não há verdadeira comunhão com Deus. O orgulhoso se basta a si mesmo; o humilde reconhece sua dependência total do Criador.
Em outro trecho, o Catecismo reforça:
“A humildade é a base da santidade e do amor. Deus resiste aos soberbos, mas concede sua graça aos humildes.”
(cf. Tg 4,6; CIC §2713)
A humildade não é fraqueza, mas força interior. É a virtude de quem sabe que tudo o que é bom vem de Deus. O próprio Cristo, “manso e humilde de coração” (Mt 11,29), é o modelo perfeito dessa virtude.
A oração da Ladainha da Humildade
A seguir, o texto completo da Ladainha da Humildade, composta pelo Cardeal Rafael Merry del Val.
Ela deve ser rezada lentamente, com o coração aberto e arrependido, pedindo a Jesus a graça de ser pequeno diante do mundo e grande diante de Deus.
Ladainha da Humildade
Jesus manso e humilde de coração, ouvi-me.
Do desejo de ser estimado,
Livrai-me, Jesus.
Do desejo de ser amado,
Livrai-me, Jesus.
Do desejo de ser exaltado,
Livrai-me, Jesus.
Do desejo de ser honrado,
Livrai-me, Jesus.
Do desejo de ser louvado,
Livrai-me, Jesus.
Do desejo de ser preferido aos outros,
Livrai-me, Jesus.
Do desejo de ser consultado,
Livrai-me, Jesus.
Do desejo de ser aprovado,
Livrai-me, Jesus.
Do medo de ser humilhado,
Livrai-me, Jesus.
Do medo de ser desprezado,
Livrai-me, Jesus.
Do medo de ser repreendido,
Livrai-me, Jesus.
Do medo de ser esquecido,
Livrai-me, Jesus.
Do medo de ser ridicularizado,
Livrai-me, Jesus.
Do medo de ser injustamente acusado,
Livrai-me, Jesus.
Do medo de ser suspeitado,
Livrai-me, Jesus.
Que os outros sejam amados mais do que eu,
Jesus, dai-me a graça de desejar isso.
Que os outros sejam mais estimados do que eu,
Jesus, dai-me a graça de desejar isso.
Que os outros possam crescer na opinião do mundo e eu diminuir,
Jesus, dai-me a graça de desejar isso.
Que os outros sejam escolhidos e eu deixado de lado,
Jesus, dai-me a graça de desejar isso.
Que os outros sejam louvados e eu desprezado,
Jesus, dai-me a graça de desejar isso.
Que os outros sejam preferidos a mim em tudo,
Jesus, dai-me a graça de desejar isso.
Que os outros sejam mais santos do que eu, contanto que eu me torne tão santo quanto devo ser,
Jesus, dai-me a graça de desejar isso.
O significado espiritual da oração
A Ladainha da Humildade é um verdadeiro exame de consciência. Cada invocação é um convite à purificação interior, uma luta silenciosa contra o orgulho e a vaidade.
Ela ensina que a humildade não é pensar menos de si mesmo, mas pensar menos em si mesmo. O humilde não se despreza, apenas reconhece que tudo vem de Deus e volta para Ele.
Essa oração é também um exercício de confiança: renunciar ao desejo de ser admirado, amado ou compreendido é colocar toda a segurança nas mãos do Senhor.
O próprio Jesus viveu isso:
“Eu não busco a minha glória; há quem a procure e julgue.”
(Jo 8,50)
Por que rezar a Ladainha da Humildade?
Rezar a Ladainha da Humildade é abrir o coração à conversão. Ela é especialmente recomendada para:
- Momentos de orgulho, vaidade ou autossuficiência;
- Situações de conflito e falta de perdão;
- Períodos de tentação, em que o ego fala mais alto;
- E para quem deseja crescer na vida espiritual e alcançar a santidade.
Santos como São Francisco de Assis, Santa Teresinha do Menino Jesus e São Bento viveram profundamente a virtude da humildade. Todos eles ensinaram que a humildade é o caminho mais curto para o céu.
O próprio Jesus afirmou:
“Todo aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado.”
(Lc 14,11)
A humildade como caminho de santidade
No mundo atual, a humildade é muitas vezes vista como fraqueza. No entanto, para os cristãos, ela é a força do amor verdadeiro.
O Catecismo da Igreja Católica (§2713) recorda:
“A humildade é o fundamento da oração. Só quando reconhecemos que não sabemos rezar como convém, é que o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza.”
A humildade faz o coração dócil à graça. Quem é humilde aceita ser corrigido, perdoa com facilidade, serve sem esperar recompensa e ama sem medir.
Essa virtude nos faz parecidos com Cristo, que, sendo Deus, se fez servo.
São Paulo escreveu:
“Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus: Ele, existindo em forma divina, não se apegou à sua igualdade com Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo.”
(Fl 2,5-7)
Como rezar a Ladainha da Humildade
A Ladainha da Humildade pode ser rezada:
- Após a Santa Missa, em ação de graças;
- Durante a Adoração ao Santíssimo Sacramento;
- Antes de uma decisão importante, para buscar a vontade de Deus;
- Em momentos de conflito interior ou vaidade;
- Ou simplesmente como oração diária de purificação da alma.
O ideal é rezá-la em silêncio e recolhimento, deixando que cada invocação toque o coração. Não é uma oração de pressa, mas de entrega.
Frutos espirituais dessa oração
A experiência de quem reza com sinceridade a Ladainha da Humildade é profunda. Ela traz:
- Paz interior, fruto da libertação do ego;
- Docilidade ao Espírito Santo;
- Força contra o orgulho e a busca de reconhecimento;
- Crescimento na confiança em Deus;
- E uma alegria espiritual serena, que vem da simplicidade e da entrega.
O humilde encontra descanso no coração de Jesus, porque não vive mais preocupado com a própria imagem, mas com o amor de Deus.
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Conclusão: a humildade que nos torna santos
A Ladainha da Humildade é mais que uma oração; é um espelho da alma. Diante dela, o cristão se vê como realmente é: limitado, dependente e amado por Deus.
Rezar essa ladainha é pedir que o Senhor destrua em nós o orgulho e nos revista da mansidão do Seu Coração. É o caminho dos santos, o caminho de Maria, que, ao reconhecer-se serva, tornou-se a mais exaltada das criaturas.
Que ao rezarmos esta ladainha possamos dizer, como o Cardeal Rafael Merry del Val:
“Tudo para maior glória de Deus, nada para minha glória pessoal.”
Foto: http://www.freepik.com/
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