É difícil perdoar e por vezes se pensa que não deseja perdoar. Perdão não é dizer para o outro que tudo bem com a ação a no caso perdoar, ou que pode ser esquecida. Não é ignorar a dor ou fingir que nada aconteceu.
Não é deixar que outra pessoa se livre quando ela implica sofrimento. Para o perdão acontecer, a dor e sofrimento devem ser realmente reconhecidos, mas reconhecidos ao ponto que haja um futuro além da dor do passado.
Perdão é escolher dar um fim para o próprio sofrimento e dor por colocar uma luz na situação, por dizer que esta dor não deve ter a última palavra.
Por que Perdoar É Tão Difícil?
O perdão é difícil porque na maioria das vezes, odiar a pessoa que deseja perdoar parece bom. As pessoas não desejam perder o poder que o ódio confere, o poder de se vingar do outro e deixa-lo sofrer tanto quanto infringiu sofrimento.
Porém, odiar a outra pessoa não vai fazer o ato dela de agressão desaparecer.
Odiá-la não vai mudar o que ela fez ou mudar os eventos do passado. Odiar não vai apenas causar dano para quem odeia, porque o ódio não pode criar algo bom. Odiar não pode parar o sofrimento sentido ou curar as feridas que sofreu.
Odiar apenas parece bom porque as pessoas não percebem como é a sensação ainda da liberdade do perdão. E não percebem que é uma liberdade melhor do que o sentimento de ódio. Não percebem que o ódio machuca também.
Acredita-se na mentira que o ódio vai criar uma solução para este problema, acredita-se na mentira que o ódio vai acabar com o sofrimento do passado.
Perspectiva Cristã Católica Sobre o Perdão
O conceito do perdão é um aspecto chave na participação da pessoa na fé católica. Esta noção católica do perdão pode encontrar suas origens na Bíblia. O salmista escreve em Salmo 103:
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios.
Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades, que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia.
Ainda, enquanto o perdão origina em Deus, há condições para alguém perdoado: ele deve rezar pelo perdão, deve confessar seus pecados, deve se afastar do pecado e se arrepender, ou teshuvá.
Em última análise, a abundante misericórdia e perdão de Deus se tornam a base para aliança, que é um catalisador para o ato repetido de Deus de perdoar o povo Dele.
Jeremias, o profeta, declara, 14:20-21:
Ah! Senhor! Conhecemos a nossa impiedade e a maldade de nossos pais; porque pecamos contra ti.
Não nos rejeites por amor do teu nome; não abatas o trono da tua glória; lembra-te, e não anules a tua aliança conosco.
Nos Evangelhos, a mudança mais radical na teologia do perdão está na afirmação de Jesus de possuir autoridade divina para perdoar os pecados.
No segundo capítulo do Evangelho de São Marcos, Jesus diz ao paralítico: “Teus pecados estão perdoados.”. Ouvindo isso, escribas perguntam, “Por que este homem fala desta maneira? Quem, senão somente Deus, pode perdoar pecados?”.
Jesus responde perguntando se é mais fácil curar um homem ou perdoar seus pecados. Ele diz: “Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.”, Marcos 2:10-11.
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Jesus e Perdão – Significado de Perdão na Bíblia
Em João 8, Jesus é confrontado com os preceitos da Lei de Moisés no caso de uma mulher adúltera que é trazida para Ele.
As prescrições da Lei Mosaica determinam que a mulher seja apedrejada até a morte.
Enquanto não negando as reinvidicações legítimas da lei, Jesus diz para a multidão, “Aquele dentre vós que estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra.”.
Se ninguém está disposto a perdoar esta mulher, então quem entre eles tem o direito de pedir por perdão? O resultado é que uma vez que são lembrados dos próprios pecados, as pessoas são movidas para misericórdia à mulher, não apenas pelo bem dela, mas pelo deles também.
Jesus chama atenção para a presença penetrante do pecado para quebrar o círculo de retaliação criado pelo pecado. Ao fazer isso, Jesus substitui as normas da justiça esperadas pelo apelo ao perdão ativo e incondicional. É por perdoar a ofensa que se abre o futuro da reconciliação.
As feridas da divisão e ódio foram superadas. Por se tornar uma vítima, como tal, agir como aquele que perdoa, Jesus revela uma nova lógica nas relações humanas, uma não baseada nos ditames da retribuição, mas na demanda da misericórdia.
E segue que perdoando o ofensor se torna a base sobre a qual os cristãos pedem perdão para si. Esta noção é consagrada no coração da Oração do Senhor, “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.”, Mateus 6:12.
Perdão então é sine qua non, o requisito para verdadeira adoração de Deus.
Tão certo quanto o seguidor de Jesus experimenta o amor de Deus por amar seu próximo, também aquele que acredita experimenta o perdão de Deus no ato de perdoar seu próximo.
Quem Perdoa é Deus (Isso É Certo para os Cristãos Católicos?)
Perdão é tanto resultado da ação de Deus quanto uma condição para ela. Conforme apreciação das pessoas por experimentar o perdão de Deus cresce dentro das mesmas, assim a capacidade pelo perdão se expande.
Porque o perdão é tão essencial para a mensagem de Jesus, não é surpreendente que em sua primeira aparição pós ressurreição, Jesus dá autoridade para apóstolos exercerem perdão no nome Dele. São João em 20:21-23 registra aparição de Jesus no cenáculo:
Novamente Jesus disse: “Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio”.
E com isso, soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo. Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados”.
A teologia católica encontra aqui a intenção de Jesus de estabelecer um sacramento de perdão em um rito formal de penitência. Nesse rito, o padre absolve o penitente de seus pecados, mas apenas quando o penitente confessou com arrependimento verdadeiro e um propósito firme de emenda ou conversão.
Tudo isso pressupõe, no entanto, que o penitente, que é o infrator, esteja vivo e faça pessoalmente uma confissão verbal de seu pecado.
A pessoa não pode confessar os pecados de outro, mesmo aqueles de um membro familiar próximo. Além disso, a pessoa não sabe por certo o grau de culpa que carrega outra consciência.
Isso quer dizer que católicos vivendo várias décadas após o Holocausto podem sentir grande vergonha e remorso pelo erro trágico deste evento, mas não podem confessar culpa pelas ações que não eram deles.
É certo que isso complica o processo de reconciliação entre católicos e judeus, mas não representa um obstáculo intransponível.
A verdadeira tristeza pelas ofensas do passado pode oferecer um incentivo para desenvolver relacionamentos apesar do passado, mas sem esquecer.
Este é o cerne de uma teologia católica do perdão. Jesus recebeu autoridade para mediar o perdão de Deus.
Este perdão não é enraizado nos ditames da retribuição, que demandaria “um olho por olho”, mas ao invés na misericórdia, que demanda o irmão ser perdoado. A misericórdia quebra o ciclo de vigança e retaliação criado pelo pecado.
E abre um espaço para uma nova criação que Jesus estabelece com o testemunho Dele do amor incondicional.
Assim, se uma ofensa que não pode ser perdoada pode ser transformada por este amor através do poder do Espírito Santo, tal ofensa pode se tornar fonte de compaixão para todos os outros que são injustamente ofendidos.
Perdão na Bíblia
- Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo. – Efésios 4:32.
- Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. – Mateus 6:14.
- Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. – Colossenses 3:13.
- Não julguem e vocês não serão julgados. Não condenem e não serão condenados. Perdoem e serão perdoados. – Lucas 6:37.
- Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete. – Mateus 18:21-22.
- Tu és bondoso e perdoador, Senhor, rico em graça para com todos os que te invocam. – Salmo 86:5.
Mensagem Perdão
- Ele que sabe como perdoar prepara para si muitas graças de Deus. Quantas vezes eu olhar para a cruz, tantas vezes perdoarei de todo meu coração. – Santa Faustina.
- Temam e honrem, louvem e abençoem, agradeçam e adorem o Senhor Deus Todo-Poderoso, em Trindade e Unidade, Pai, Filho e Espírito Santo, Criador de todas as coisas. Não adie mais a confissão de todos os seus pecados, pois a morte logo virá. Dê e será dado a você; perdoe e você será perdoado… Bem-aventurados os que morrem arrependidos, porque irão para o Reino dos Céus! Mas ai daqueles que não se converterem, pois esses filhos do diabo irão com seu pai para o fogo eterno. Fique atento, portanto. Evite o mal, e persevere em fazer o bem até o fim. – São Francisco de Assis.
- O perdão é a remissão os pecados. Pois é por isso que o que foi perdido, e foi encontrado, é salvo de se perder novamente. – Santo Agostinho.
- Há um segredo simples para curar feridas e evitar recriminações. É isso: não deixe que o dia termine sem desculpar-se, sem fazer as pazes entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos e irmãs… entre noras e sogras! Se nós aprendemos a desculpar prontamente e dar um ao outro o perdão mútuo, as feridas curam, o casamento cresce mais forte, e a família se torna um lar cada vez mais forte, que resiste aos choques dos nossos menores ou maiores delitos. – Papa Francisco, Audiência Geral, 4 de novembro de 2015.
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